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Três Minutos

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Era uma noite qualquer, de uma semana qualquer. Alecrim Dourado e eu chegamos em casa depois de um longo dia de trabalho. Eu estava exausta e faminta.


Ele, claro, estava nervoso. O motivo? Eu demorei dez minutos a mais para sair do trabalho. Ele me rastreava pelo "Buscar do iPhone", monitorando cada passo meu. Tenho certeza de que devia ter algum alerta no celular dele que apitava sempre que eu me movia. Naquela época, eu achava que isso era cuidado. Sabe aquele discurso batido de "preocupação" que todo controlador usa? Pois é, eu também caía nessa.


Chegamos em casa, e tudo o que eu queria era comer algo levinho e me jogar no sofá para assistir uma série. Nunca fui de jantar pesado, então fui preparar um sanduíche simples: pão, ovo mexido e uma salada. Pra mim, estava perfeito. Perguntei se Alecrim queria também. Ele disse que não estava com fome, e eu não insisti. Aprendi a não provocar o "cordeirinho de Jesus". Eu evitava ao máximo o "lado estourado" dele.


Terminei meu sanduíchinho, sentei no sofá e liguei meu dorama (sim, sou dorameira, me julguem!). Estava tranquila, até que Alecrim saiu do quartinho de jogos como um furacão e foi direto para a cozinha. Meu olho, vocês sabem, arregalou na hora. Eu já sabia que vinha encrenca.


Começou a barulheira de armários sendo batidos. Claramente, ele queria que eu perguntasse o que estava acontecendo. Suspirei e perguntei:


— O que você está procurando, Alecrim?

— Comida.

— Como assim? Te ofereci um sanduíche há uns 15 minutos.

— Sanduíche não é comida! Não tem nada pra comer nessa casa!

— A gente fez compras esse fim de semana, o armário está cheio.

— Mas eu tô com fome agora! Não vou esperar para cozinhar. (Na verdade, era preguiça mesmo).


E lá foi ele, marchando pela sala, com toda a intenção de ser notado. Fazia questão de que eu parasse minha série pra ver a “obra de arte” dele. Só ouvi o “creq creq” de algo sendo mastigado. Quando olho, ele tá com um pacote de macarrão instantâneo CRU na mão, mastigando no seco! Gente… eu não julgo quem gosta, até tem um gostinho bom e tal, mas ele estava comendo o macarrão cru porque não teve paciência de esperar três minutos para ele ficar pronto. Três. Minutos.


A batucada de porta que ele fez na cozinha durou mais que isso.


Fiquei ali, sentada, atônita, sem saber como reagir. Será que a culpa era minha? Meu Deus, eu me sentia uma péssima companheira por ver o Alecrim comendo macarrão cru. E ele passou o resto da noite infurnado no quarto de jogos, nervoso, sabe-se lá Deus por quê. Acho que esperava que eu me redimisse, ajoelhasse aos pés dele e pedisse perdão por não ter adivinhado o prato exato que ele queria.


Era impressionante como ele conseguia transformar um simples lanche, em uma noite qualquer, de uma semana qualquer, em motivo para briga. Eu só queria assistir meu doraminha em paz.








Alerta: 


Brincadeiras à parte, situações como essa podem parecer pequenas, mas são sinais de um comportamento abusivo. Manipulações emocionais, mudanças bruscas de humor, culpar o outro por suas próprias atitudes... tudo isso pode desgastar a autoestima e a saúde emocional de uma pessoa. Se você se reconhecer em uma relação assim, procure ajuda. Falar com amigos, familiares ou buscar apoio profissional pode ser o primeiro passo para sair de um ciclo tóxico. Você merece amor, respeito e paz.



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10 de nov. de 2024
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Vivi algo parecido e o meu ex alecrim era o "cara" para as pessoas mas um monstro.

Dani Brisa

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