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PERDIDO


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Não sei nem como começar essa história. Eu sempre fui muito tranquila em relacionamentos, mas nesse... acho que era trouxa mesmo.


O Capim Santo sempre me colocava no bolso. Eu acreditava em todas as lorotas que ele me contava (lorota entregou minha idade, né). Ele era mestre em me dar perdido. Com aquela cara de bom moço, trabalhador, um homem de família – ninguém nunca imaginaria os perrengues que eu passava com ele.


Nosso relacionamento já era de longa data quando decidimos morar juntos. O Capim Santo não era de sair muito, mas, quando saía, esquecia completamente o caminho de casa.

Sério. Eu passava MUITA raiva. O celular dele tinha um problema curioso: toda vez que dava duas da manhã, simplesmente parava de funcionar. Morria. Zero sinal, zero resposta. Um defeito técnico, sabe? Mas só acontecia quando ele estava na rua. Durante o dia, o aparelho funcionava perfeitamente, bem estranho.


Eu devo ter tomado tanto perdido nessa época... Ô, meu Pai. Mas ficava em casa, coração na mão, olhando pela janela, esperando meu Capim Santo voltar, achando que algo grave tinha acontecido. Que ele tinha sido assaltado, sequestrado, morto. Eu chegava a pesquisar notícias na internet pra ver se tinha acontecido algum acidente com o carro dele. Jogava no Google: "Carrinho preto acidente Brasília". Gente, tadinha de mim. KKKKKKKKKK. Ainda bem que vergonha não mata.


Mas teve um dia... Ah, esse dia foi o AUGE.


Ele tinha ido pra confraternização do trabalho. Beleza. Sabia que ia demorar. Duas da manhã: celular morreu, como sempre. Três da manhã. Nada. Quatro da manhã. Silêncio absoluto. Cinco da manhã. Aí, pronto. Eu já tava passando mal.


Foi nesse momento que descobri que, quando eu tiver filhos, serei a mãe que fica acordada esperando a criatura chegar.


De repente, alguém bate na porta.


Eu, que já tinha apagado de cansaço, acordei assustada. O sol já tava nascendo. Abri a porta e, gente, eu JURAVA que ainda tava sonhando.


O Capim Santo estava só de cueca na porta de casa.


Fiquei igual à Nazaré Tedesco fazendo cálculos na cabeça.


Cueca. Na porta de casa. Cinco da manhã.... QUE DIAXO É ISSO?


Ele já veio com MIL explicações. Disse que tinha dirigido o carro de um amigo até a casa dele e, depois, veio correndo pra casa.


Por isso estava pelado.


Correndo.


De cueca.


Cinco da manhã.


Eu, que ainda estava processando aquela cena absurda, perguntei se ele tinha sido assaltado, se tinham levado as roupas dele. Algo tinha acontecido, né?


Mas não. Segundo ele, era isso mesmo. Foi exatamente isso que aconteceu.


E eu, por anos, tentei encontrar uma explicação melhor. Mas era sempre essa.


E até hoje me pergunto: por que não tirou a roupa dentro de casa, meu pai? Não dava pra esperar? O que realmente aconteceu?


Mas é isso. Esse meu relacionamento foi assim: cheio de interrogações que nunca terão respostas.


Mas creio que ele aproveitou bem a noite, porque né, ninguém chega pelado assim em casa de graça.


Ah meu Capim Santo… porque SANTO era o que todo mundo achava que ele era.

4 comentários

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Convidado:
10 de mar.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Mulhee aqui no trabalho montamos uma fic inteiraa que ódiooo. Kkkkkkk Mas de maneira unânime, e teses majoritárias masculinas chegamos a seguinte conclusão: o capim por ser tralhador tinha amante no trabalho, só que a amante era casada também e provavelmente o marido trabalhava em algo relacionado com plantão (médico, polícia, afins) por isso os perdidos era de vez em quando. Essa chegada de cueca foi só uma cochilada a mais depois do after na casa da outra que quase deu ruim. kkkkkkkkk a gente odeia homens, kkkrying

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Convidado:
06 de mar.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Jesus!! Que empresa é essa com confra até 5 da manhã?? isso ai já tinha outro nome e não era nem after tá maluco



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Convidado:
06 de mar.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

O loko essa da cueca tem cara daquelas histórias de Ricardão fugindo da casa da mulher pra não ser pego em flagrante pelo corno kkkkkkkkkkk :xxx

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Jesi
05 de mar.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Amiga, vivemos pra chegar no dia dessas histórias kkkkkkkkk o pior é que mesmo contando tem os que ainda pensam na boa samaritagem desse “santo”. Enfimm

Bjs, Jé.

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