O Cemitério de Ideias

Semana passada, tive uma ideia incrível. Dessas que a gente pensa: “nossa, isso vai render um texto maravilhoso!”. Eu estava empolgada, inspirada, quase vendo as palavras se organizarem sozinhas dentro da minha cabeça. Mas agora, aqui estou eu — sentada num café, olhando pro nada e tentando lembrar... o quê mesmo?

Que saco, cara.

Isso me faz pensar no tanto de ideia boa que já tive na vida e que evaporou como café quente esquecido na mesa. Simplesmente... sumiu. Às vezes porque pensei “depois eu anoto” (meu clássico), ou porque estava ocupada demais para dar atenção. Às vezes, porque só faltava coragem.

Tenho um caderninho onde anoto tudo isso. Chamo carinhosamente de cemitério de ideias. Nele, estão enterrados sonhos de negócios, textos incríveis, frases de impacto, nomes de projetos, receitas que nunca fiz e até um plano de fugir para a Itália que rendeu três páginas inteiras. Algumas ideias me fazem rir de mim mesma. Outras ainda doem. Doem porque sei que eram boas. Porque sei que tinham potencial. E que não aconteceu nada com elas… porque eu não fiz nada.

A vida atropela. O boleto vence, o e-mail chega, o grupo da família manda mensagem. E no meio desse caos cotidiano, a gente vai deixando de escutar o que realmente importa: a gente mesmo. Vamos sufocando aquilo que pulsa, que brilha, que quer nascer em nós.

Escrevo isso pra você, mas também pra mim. Talvez, principalmente pra mim. A gente precisa se escutar mais. Ter a sensibilidade de perceber quando uma ideia é mais do que só uma ideia — é um chamado. Filtrar o que é barulho externo e dar atenção ao que grita baixinho dentro da gente.

Porque ninguém conhece a gente melhor do que a gente. E Deus. E, claro, nossa terapeuta.

Talvez essa crônica sirva de lembrete: aquela ideia que você teve? Anota. Faz. Nem que seja malfeito, mas faz. Porque pior que uma ideia ruim, é uma ideia boa que nunca saiu do papel.