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Nº 05 - Os cinco meses mais intensos da minha vida

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Hoje acordei mais tarde, estou bem exausta. Parar um pouco já me acalma, mas, para ser sincera, o que mais pesa na minha cabeça é o Felipe.


Estamos morando juntos há cinco meses. Foram, sem exagero, os cinco meses mais intensos da minha vida. Um olhar, uma palavra atravessada, e de repente já estamos em guerra. Ele veio morar comigo, e hoje fala que eu fico jogando isso na cara dele. Mas eu não faço isso. E isso tem gerado brigas semanais. Não posso falar de contas, nem de algo que eu queira arrumar no apê, que ele já dispara que eu quero mudar as coisas sozinha porque vejo esse apartamento como só meu. Ele está me deixando doida.


E, no meio disso tudo, ainda teve uma descoberta que me abalou mais do que eu queria admitir. Algo dele, íntimo, que não faz parte do nosso combinado, do nosso vínculo, daquilo que eu acreditava que a gente tinha. Vi no celular dele várias conversas com duplo sentido com outras mulheres. Conversas que ele teve no dia do meu aniversário, no dia em que ele me pediu em namoro.


Quando eu toquei no assunto, ele desmoronou. Chorou, disse que tinha um problema, que era algo que o acompanhava desde antes de me conhecer, que não queria me perder por causa disso. Pediu a minha ajuda. Disse que estava tentando mudar.


E eu fiquei dividida entre raiva, tristeza e uma compaixão que eu não sei se deveria sentir. Fiquei com a sensação de que existe um pedaço da vida dele onde eu nunca entro. Uma sombra da qual eu não tenho controle nenhum.


Eu não sei mais se quero continuar com o Felipe. Ou melhor, eu sei. Eu só não tenho coragem de tomar a decisão. Já me abandonaram uma vez e eu não queria fazer isso com ele. Tem dias em que eu acordo decidida a ir embora. Em outros, sinto que ainda há algo ali. Uma centelha. Um sopro de esperança de que ele mude, de que a gente consiga. E essa esperança me prende.


A gente briga tanto por coisa pequena. Um comentário atravessado, uma reação mais ríspida, uma palavra mal colocada. E, às vezes, nem é o que ele diz, é como ele diz. O tom. A frieza. A maneira como me diminui quando eu só queria ser ouvida. Me pergunto se sou imatura, se espero demais. Mas também me pergunto se amar é isso mesmo, ficar tentando caber em um espaço onde meu coração vive espremido.


Mas ao mesmo tempo, é um amor que nunca senti na minha vida. Os momentos bons, são incríveis e me apego neles.


Quero ser paciente. Quero conseguir lidar com ele sem explodir. Mas é difícil. Ele me cutuca. Sabe exatamente como me provocar. E quando eu reajo, ele diz: viu, olha como você é. Me faz duvidar de mim. Me confunde. E, no fim, eu acabo me desculpando.


O que mais me machuca é ver como tudo foi se distorcendo. O carinho virou desconfiança. O cuidado virou controle. E eu fico tentando entender quando foi que o amor dele passou a apertar mais do que acolher. E agora, com essa nova ferida, parece que tudo pesa ainda mais.


Ele sugeriu que a gente não more mais junto. No início, fiquei surpresa com essa ideia vindo dele, mas, sinceramente, acho que é o melhor. Não quero me precipitar em um casamento. Ainda tenho tanto para viver, se Deus quiser. Quero paz, quero saúde, quero leveza.


Se eu casaria com o Felipe para passar o resto da vida hoje? Sinceramente, não. Acho que ainda fico mais pela comodidade de não estar sozinha do que por amor. E saber disso, e mesmo assim ficar, talvez seja o que mais doa.

1 comentário

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21 de nov.
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tu que é uma menina cheia de luz e alegria, saber que passou por tudo isso (assim como muitas mulheres) dói demais, quando dói em uma, dói em todas. Tu que com tanta alegria, sempre teve ar de viver em leveza, desejo do fundo do meu coração que esteja vivendo a leveza genuína que merece, e que jamais, nunca mais, em hipótese alguma se permita viver mais onde não é feliz, acompanhada, amada, celebrada.

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