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Bom dia, Felicidade!


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Este ano, resolvi começar a correr. Sempre achei incrível aquela galera que participa de corridas, com seus números pregados nas camisetas, cheios de energia. Nunca fui boa em esportes, confesso. Uma vergonha, principalmente nos esportes em grupo, e pior ainda, nos que envolvem bolas. Na infância, nem para queimada eu era escolhida, acabava sempre como café com leite. Mas a corrida? Ah, essa só depende de mim e das minhas pernas. O máximo que pode acontecer é eu tropeçar, lesionar o joelho ou pegar uma canelite — Deus me livre!


Decidi, então, entrar num clube de corrida. A primeira barreira? As aulas começam às 06h30 da manhã. A provação já começa aí. Existem três coisas que considero difíceis na vida: acordar cedo, não me apaixonar e guardar dinheiro.


Por que tudo na vida adulta tem que ser uma provação? Eu só queria correr! Mas tudo tem um preço, e o primeiro é acordar às 05h30. Preciso de tempo para perceber que sou gente, comer algo e esperar a digestão, porque ninguém merece vomitar no parque, né? 


Cheguei na aula e lá estavam meus 20 coleguinhas de corrida. Todos pareciam felizes demais para aquele horário, como se fosse duas da tarde! E eu só conseguia pensar: gente, sério, o que está acontecendo? Dei umas risadinhas aqui e ali, tentando disfarçar e me integrar no espírito do grupo. Afinal, eu era a mais nova da turma, não queria ser a zumbi da galera.


Começamos a correr. O instrutor me colocou para correr separada do grupo, para testar minha resistência, o que me deixou meio chateada. Queria correr com o pessoal para pegar o embalo, né? Mas, com dois minutos de corrida, meu corpo já gritava de dor. Meu coração parecia prestes a colapsar. Estava a um passo de parar e desistir, quando um senhorzinho, enviado dos céus, vindo na direção oposta, apareceu. Ele usava shorts tactel e regata esportiva, e ao cruzar comigo, abriu os braços, deu um sorrisão e gritou: BOM DIA, FELICIDADE!


Aquele "bom dia" me atingiu em cheio, como um raio de energia. Aquilo inundou todas as minhas células. Eu fiquei surpresa, extasiada. Nunca nos vimos, mas foi o gesto mais amável que recebi naquele dia. Ele seguiu sua corrida, e eu segui com uma vitalidade inesperada. Meu instrutor até brincou: "Você já pode correr 10 km numa boa!"


O "Bom Dia, Felicidade" daquele senhor ainda ressoa nos meus ouvidos. Pequenos gestos têm um poder enorme. Aquele senhorzinho não faz ideia, mas ele mudou minha corrida e me deu ânimo para acordar cedo e seguir treinando. Agora, eu almejo a energia e a felicidade que ele irradiava.


Há algo muito poderoso em viver em comunidade. Por isso, sempre que pudermos, sejamos gentis e amáveis com os outros. Você nunca sabe o quanto pode transformar o dia — ou a vida — de alguém.


1 comentário

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thamires.morais
03 de out. de 2024
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Que fofo. Eu até vou criar coragem pra correr, mas será à noite kkkkkk

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